terça-feira, agosto 02, 2016

Book of us

Book of us, por Sofia Gonçalves
Se eu nos descrevesse em papel, não me chegariam 1001 páginas.
Despia-me mais do que o meu corpo nu pôde fazer, despiria a minha própria alma para que a pudesses ler.
Então agora lê-me. Lê-me uma vez mais.
Toca-me com a ponta dos dedos como se sublinhasses cada palavra.
Saboreia-a cada uma delas e sente-me.
Sentes como me sinto quando pousas o teu olhar em mim?
E sentes como me sinto quando tocas em mim?
Sente como me sinto quando o teu perfume me inunda, esse cheiro de ti, sentes?
Então agora sente como me sinto quando me beijas, mesmo que seja somente a face. Sentes tudo isso? Isso é amor.
E o amor dói. Faz mal, pode até matar, mas também faz bem. Fez-me bem.
O teu amor...o teu amor fez-me bem.
Rasgou-me um sorriso no rosto que não doeu a nascer. Foi com amor.
E o amor às vezes não dói, às vezes adormece a dor.
Lembras-te desse sorriso? Ainda te lembras?
E lembras-te de quando te olhava nos olhos? Conseguias ler-me?
Não digo o olhar...o olhar qualquer um lia.
Mas, conseguias ler-me a alma? Parecia-te feliz?
Puramente, profundamente feliz?
Então agora toca-me no rosto e lê-me uma vez mais.
Lê-me ao som das lágrimas de saudade que caem, deslizando nos contornos da minha face.
Encosta o teu corpo ao meu e sente como o meu ainda treme.
Ainda estremece cada vez que te aproximas, a respiração muda, é tímida ou talvez sejas só tu que me desconcentras e me fazes perder no compasso. Isso é amor.
Podes ler dezenas de livros, podes ver centenas de filmes, mas a tua melhor definição de amor serei sempre eu. Eu fui amor. Amor de ti, amor por ti.
Fui amor. E ainda sou amor, dos restos que ficaram de ti.

segunda-feira, julho 18, 2016

Read me, fix me


Fix me, por Sofia Gonçalves

E depois de tantos anos, chega a altura que não sabes mais quem és.
Após 24 anos a ser tão terra a terra, tiram-te o chão e não sabes mais quem és.
Então ficas sozinha, no beco escuro, a tentar perceber quem és tu e o que é tudo o resto.
A tua cabeça que já tanto pensa e inventa, multiplica todos esses pensamentos e processa-os a uma velocidade alucinante, como se estivesse a viajar no tempo e pelo meio, no beco escuro, perdes a noção do real e deixa de ser possível fazer qualquer distinção entre o surreal e o real.
Então esta és tu. No beco escuro, sozinha, sem rumo. Perdeste tudo, perdeste as amizades de presença, perdeste as amizades de ausência, perdeste a âncora e perdeste-te a ti. És vazia.
Vazia mas de pensamento cheio, cheio de nada, mas cheio.

Inundas-te das inúmeras possibilidades da tua vida, enquanto te afogas e esqueces de tudo o resto.
Tens 24 anos e o beco escuro é a tua vida: vazia, não vivida.

E que sabes tu da vida? Deste o corpo às balas, mas elas não te fizeram humana, fizeram-te inatingível, não cedes, não fraquejas, tornaste dispensável aos olhos do mundo porque ninguém tem tempo para te tentar quebrar, para te tentar aceder, ler.
Que sabes tu da vida para além de só saber cuidar de ti? Quanto egoísmo, pensam eles.
Mas na verdade, tu tens muito mais em ti, só não te permites dar. Eles não sabem de nada.
Tens medo que se te deres, alguém te vá partir, tens medo que se te deres, não saibas mais viver sozinha, tens medo que se te deres, alguém te tire tudo e te deixe sem nada.
Então não te dás. E perdes todas as aventuras da vida. Perdes a vida.
Só esperas encontrar alguém capaz de te devolver a confiança traída, mas talvez já tenhas encontrado e deixado escapar.
E como sabes tu que assim foi ou que ainda está para vir?
Como sabes tu as decisões certas a fazer se a tua cabeça não é mais capaz de decidir?
Como sabes tu que rumo tomar?
Então, ficas só aqui, não te deixas ler nem consertar, porque hoje o beco escuro, é o teu refúgio ao luar.

quinta-feira, junho 02, 2016

Damage

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Todos os dias da minha vida são uma lembrança de ti, o durante e o após e acho que tu não te dás conta dos estragos que fizeste. Nem eu dou.
Não adianta de nada o que possas fazer ou dizer, a minha capacidade de acreditar não existe, não consigo deixar de duvidar nem mesmo comprovando o que me dizes. O que me dizem.
É verdade. Não é só contigo, é contigo e com o resto do mundo. Não acredito, não confio.
O estrago foi tão grande que é preciso reconstruir tudo, começar do zero, mas acontece que nem do zero sou capaz de começar porque torno-me incapaz de esquecer.

Todos os dias da minha vida são uma lembrança de ti. Uma constante lembrança.
E cada vez que paro no tempo ou que o tempo pára em mim, apercebo-me mais o quão profundo foi o estrago. E talvez até, sem retorno, sem solução.
Não sei o que fizeste de mim, sou cheia de nada e vazia de tudo. Sou oca. Ouço as palavras mas não tenho crença sobre elas, são meras palavras, leves, carregadas de nada. E nada me dizem.
Nem as tuas, nem as de ninguém.
E quanto tempo pode um ser viver assim? Sem um porto-seguro, sem saber confiar, sem saber acreditar?
Quanto tempo me falta para acabar sozinha?

E foi tudo isto o estrago que fizeste. Deixaste-me e agora sem me deixares, deixas-me só.

domingo, fevereiro 21, 2016

Routine


Routine, por Sofia Gonçalves
Esta é a segunda vez que escrevo sobre ti. Preferia escrever por outras razões, mas as circunstâncias não o permitem.
Hoje é o terceiro dia que não falamos e daqui a três dias faríamos dois meses, e que dois agradáveis quase dois meses foram estes. Falo de tudo. Desde a primeira troca de palavras ao primeiro encontro, ao primeiro toque, ao primeiro beijo, ao primeiro tudo. E ao segundo, ao terceiro...todos estes momentos tiveram o seu valor e todos eles foram únicos, porque todos eles foram uma primeira vez.
E hoje é também uma primeira vez. A primeira vez que o teu nome tem um lugar aqui, no meu refúgio, no meu abrigo, mas desta vez com um sabor amargo.
Hoje a saudade invadiu-me por todo. Ocupa-me a cabeça, ocupa-me o corpo, ocupa-me a alma.
Ocupa-me de uma forma tão profunda que quase me poderia quebrar se ela assim o quisesse, e se assim fosse, aceitaria de bom grado. Hoje sinto essencialmente falta de ti, não que nos outros dias tenha sido diferente desde que as coisas mudaram, mas hoje...é tudo mais intenso.
Hoje queria o teu olhar, aquele teu olhar meigo que caía em mim, aquele olhar pelo qual me apaixonei instantaneamente, hoje queria que lesses para mim e como aconchego queria o teu colo algures num sofá qualquer. Queria ficar ali, calada, a admirar-te, a ouvir-te. No novo refúgio que tinha recebido pelo Natal.
Queria seguir a nossa rotina, um pouco a medo, porque medo temos sempre, se não tivermos medo, então não vale a pena. As relações a sério têm de nos fazer sentir de tudo, quando se sente de tudo, então estamos a vive-la em pleno, caso contrário é só um passatempo. E eu sentia de tudo.
Hoje queria encontrar-me contigo, queria caminhar ao teu lado, mesmo que não fosse para passear ou para sermos só nós. Queria ir por aí e queria acabar em casa, na tua, na minha, num lugar qualquer, um qualquer lugar a que pudéssemos chamar casa. Queria atirar os meus sapatos para o meio do chão, despir as roupas apertadas e ficar junto a ti. Só isso. E isto...não imaginas o quanto feliz me faria, fazia.
Então, hoje cheguei a casa, vinda de uma rotina que não era a nossa, atirei os sapatos para o chão e despi a minha roupa pomposa, atirei-me para o sofá mas não encontrei o teu colo.
Sinto-me vazia de ti.
Diz-me, então, como posso eu recomeçar contigo. Como posso eu fazer-te saber que tenho medos como qualquer outro ser humano, que tenho crises como qualquer louco com liberdade de imaginar e que vou errar muito, mas que vou tentar sempre recompensar-te cada erro meu.
Tira o nosso livro da estante, tira-lhe o ponto final que lhe destinei em paranóia e põe-lhe uma virgula, se te sentes minimamente capaz de voltar a tentar comigo, seja por saudade, por carinho ou por qualquer outra razão. Tudo é válido. Porque é só isso que te peço, que tentemos.
Deixa-me ser a tua companhia, em qualquer hora, em qualquer dia. Deixa-me ser alguém.
Porque sabes...sabes quando eu tinha dúvidas e tu, mesmo assim, me deixas-te arriscar? Agora eu tenho certezas.

segunda-feira, janeiro 25, 2016

Christmas gift

Destiny? - Paradise, por Sofia Gonçalves
Foste uma surpresa, e todos os dias me continuas a surpreender.
A ti? Falo-te cara a cara, escrevo-te em privado, porque sei que vais ser capaz de me ler, mesmo quando as palavras não saem mas as mãos tremem e tu sentes, tu sabes.
Hoje fechamos o primeiro capítulo desta história e não poderia estar mais orgulhosa.
Tenho medo sim e dos meus medos seu eu, sabes tu, mas quero ir mais longe e eu sei que tu vais estar à altura de me acompanhar.

Não tenho planos, não tenho expectativas. 
Vou só continuar a deixar acontecer, vou deixar que a vida aconteça e que todos os dias nos surpreenda.
E que o tempo passe rápido, para que a espera encurte e as saudades cometam suicídio, mas eu espero, porque por ti, contigo, vale a pena esperar.