quinta-feira, abril 24, 2014

Breathe in, breathe out

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Sinto-lhe o gosto amargo na garganta, o choro quer sair mas eu impeço-o.
Não sei bem o que sinto, na verdade já faz um tempo que não sei até como me sinto.
Deambulo por aí, inclino para acolá e hoje inclinei para aqui. Subi o sofá, aquele sofá que tão bem localizado ali está, pus um pé, pus o outro e respirei fundo, lancei o braço e rodei o puxador da janela, num ápice ela se abriu, como se soubesse que hoje, hoje eu precisava que ela colabora-se.
Senti aquela brisa reconfortante a abraçar-me, os pulmões encheram-se de ar puro da noite fresca que se fazia sentir em finais de Abril, encostei-me ao parapeito e pude sentir o meu coração bater.
Batia forte. Cada palpitação era como uma tentativa de se soltar de mim. Fugir-me do peito. Tinha-te no pensamento, teria ele intenções de partir para te encontrar? Mesmo sabendo que no segundo em que deixa-se o meu corpo para encontrar o teu, não seria capaz de reencontrar nenhum dos dois.
Torno-me incapaz de o impedir. Torno-me incapaz de o acalmar. Gosto de drama, se é para sofrer...que seja a sério.

As ruas têm impregnado nelas o cheiro da despedida. Carrego em mim o peso dela, um certo receio, talvez até medo, mas sinto-me capaz. Sempre fui capaz de virar as costas.
Sei que eventualmente vai acontecer, é de facto inevitável e parte de mim quer que aconteça, mas a outra metade de mim sabe que o agora é o que me motiva a escrever. Vamos sempre encontrar inspiração no sofrimento, talvez seja nele que encontremos o melhor de nós, o melhor no pior. O caos.


Inspiro. Expiro. Palpitações de teu nome.

sexta-feira, abril 18, 2014

Changes

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"I need to change, I want to change"

Lembro-me de à uns anos atrás, ser a coisa que mais desejava: mudar.
Mudar de quarto, mudar de casa, mudar de rua, mudar de cidade, mudar de rostos, mudar de vida...mudar. Ansiava desesperadamente por uma mudança e quanto mais os dias passavam, mais a mudança tardava em chegar.
Mas a mudança chegou.
Com um suspiro breve deixo o rosto tomar uma expressão de tranquilidade. Vou precisar de caminhar em bicos de pés, mas cada passo dado vai ser uma conquista, vai ser um passo para longe do pesadelo que em breve finalmente terminará. Sei que a vida sempre teve um gosto especial por me pôr à prova, mas também sei que ao longo dos anos tornei-me forte o suficiente para a vencer, sou suficientemente capaz.
Anseio esta mudança mais do que tudo na minha vida. Anseio deixar de viver a farsa e poder finalmente respirar fundo, viver a minha vida tal como ela é, tal como eu a quero e deixar de fazer de conta.
Fazer de conta cansa, desgasta e embora eu seja forte o suficiente para continuar a representar, talvez um dia não saiba mais distinguir a ficção da realidade.
Estou a mudar-me. E tenho orgulho nisso. Tenho orgulho de cada esforço que faço, de cada vez que o número que surge de baixo de mim é um bocadinho mais pequeno.
Estou a libertar-me. E tenho orgulho nisso. Encaro os dias como desafios e sempre vivi com os passos contados, hoje sou capaz de trocar os passos.
Estou a descobrir-me. E tenho orgulho nisso. Porque os anos vão passando e as oportunidades de ser feliz escapando, e eu preciso deixar acontecer, preciso fazer acontecer. Ceder. Tenho uma personalidade complexa para trabalhar, tenho tanto para aprender e já houve tanto que aprendi. Comecei a aprender a confiar em mim, a acreditar em mim, já não são apenas os outros.
Embora nem tudo possa depender de mim, eu dependo da minha vontade e a minha vontade é fazer. Ir em frente, se der errado, há sempre um caminho de volta.
Um porto-de-abrigo. Anos e anos pela frente. Amigos de uma vida.

terça-feira, abril 08, 2014

"I'll be your strength"

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O dia de hoje abalou-me um pouco. Hoje começou uma nova etapa para ti, a partir de hoje muita coisa mudará na tua vida, a começar pelo início de cada dia teu. Sabes que não sou de expressar aquilo que sinto e antes de dizer o que penso, pergunto se tenho permissão para o fazer, mas hoje não sou capaz de guardar cá dentro. Tenho um sorriso nos lábios neste momento, porque acredito que hoje foi um dia bom, apesar de tudo, foi um dia bom. Poderá ser o começo de dias difíceis que se aproximarão, mas também deve ser assinalado como o dia em que inicias-te a tua luta, a tua cura.
O meu sorriso deve-se a isso mesmo: acreditar que vais ficar bem.
Sei que vão haver altos e baixos, sejamos realistas, provavelmente até existirão mais baixos que altos, mas também quero que saibas que estarei sempre presente, todos os dias, a qualquer hora.
Tudo isto te afecta, principalmente a ti, mas também afecta a todos os outros que te rodeiam.
Eu já passei por isto uma vez e posso dizer que foi das fases mais difíceis da minha vida. Aprendi a suster a respiração e a manter-me de pé quando só pensava em deixar o corpo cair no chão, mas a vida, por algum motivo, vai testar-me de novo. E eu vou ser capaz. Por ti.
Vou ser a tua força quando ela te faltar, vou ser o teu apoio, o abraço sincero, a mão companheira, o sorriso de esperança...vou ser tudo o que tu precisares, inclusive o fantasma mudo quando precisares de estar sozinho. Lembra-te só que depois do dia tempestuoso, vem o dia ensolarado e eu acredito em ti, 
Hero.


terça-feira, abril 01, 2014

Reborn: chapter 22


Hoje início o capítulo número 22 da minha vida.
Confesso que já lá vai o tempo em que estes capítulos eram bem-vindos e vividos intensamente, hoje já tanto me faz. Dou por mim a deambular pelos cantos da casa, a casa que em breve não me pertence mais e a falta que vou sentir daquela janela que por tantas noites foi a minha companhia durante os prolongados minutos em que ficava estática a fotografar a lua.
Ainda não sorri hoje. É claro que já esbocei um sorriso com os lábios, quanto mais não seja para manter as aparências no dia do meu aniversário, mas ainda não sorri com a alma. Não veio de dentro. Estou vazia.
Mas não vou deixar passar o dia em branco...afinal de contas hoje tomei uma decisão, por mim, para mim. Nove meses depois estou a encerrar o sub-capítulo: - R.
Sete meses depois, iniciei, embora a medo, a primeira abordagem, depois a segunda, conheci-te corpo a corpo e hoje encerro este meu leque de tentativas. Não vai existir uma terceira abordagem. Confesso que talvez não te tenha abordado da melhor maneira, muitas vezes por ter joelhos e pulsos a tremer constantemente ao ponto de não ser capaz de se quer conseguir pensar ou articular palavras, outras por já se terem passado sete meses e de alguma forma, te querer agradar, tentar agradar tanto que acabei por descuidadamente deitar tudo a perder. Mas eu percebo, eu percebo-te.
Espero é que um dia, não tenhas necessidade de me perceber a mim.