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A tua presença, as tuas palavras, têm-me deixado desconfortável. Não inquieta, apenas desconfortável.
Confesso que às vezes perco a vontade de te escutar, especialmente ultimamente quando as tuas palavras são lançadas em forma de crítica, quando estas mesma palavras servem para magoar e criar-te um certo ódio por parecer que sabes sempre tudo, mas às vezes não sabes de nada.
Existem sentimentos, momentos, que não é possível explicar por palavras, mesmo que se tente, nem sempre somos compreendidos e nem sempre somos capazes de dizer exactamente aquilo que queremos dizer.
Eu sei o que tu queres para mim, mas aquilo que eu quis, não é o que quero agora. Porque, eventualmente, temos de saber desistir. Temos de saber que não há mais nada ali.
Eu aceitei isso. Aceita tu também.
Aceita também que eu errei mas que agora estou a tentar corrigir aquele erro que podia ter sido o motivo de um grande arrependimento para mim.
Talvez um dia entendas. Talvez um dia nos entendamos de novo. Mas por agora precisamos de entender as coisas sozinhos. Às vezes o que sentes, não é aquilo que demonstras, consegues entender o quanto consegues magoar? Tens capacidades para mais e melhor.
Tens capacidade para continuar a ser aquela base sólida que algumas vezes foi o meu melhor encosto em momentos em que não soube controlar as emoções e te deixei ver-me enfraquecer. Eu também sou fraca. Raramente. Mas sou.
Às vezes perco o controlo de mim própria e deixo-me levar, deixo-me perder, porque na verdade procuro uma oportunidade para desaparecer. Mas agora? Agora não.
Agora estou a (aprender a) ser feliz. Aos poucos. Aos poucos vou permitindo, aos poucos vou-me permitindo. Estou a curar-me e percebi que não sou capaz de o fazer sozinha, porque para isso tenho de esquecer as cicatrizes que trago no corpo.
Entendes?
Entendo o que precisas.
E mesmo que com o coração apertado, deixo-te ir.
Não sou ninguém para te tentar prender cá quando tu queres ir.
Vai. Descobre-te. Talvez o que queres hoje, venha a ser o oposto do que tu quererás um dia. Espero que sim. Mas espero-te aqui.
A nossa história não acabou, nem a nossa amizade. Só aguardam um reencontro.
Cura-te. Porque também te precisas curar e talvez neste momento, a tua cura deva ser feita longe de mim. Um dia volto. Um dia voltas. Um dia.
Espero-te aqui.
Juntamente com as nossas caminhadas nocturnas.
Embaladas em músicas depressivas e conversas profundas.
Espero-te aqui.
Juntamente com as memórias das conversas que tantas vezes nos libertaram.
E fizeram de nós,
um pouquinho mais...humanos.
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